Igreja Paroquial
A Igreja Paroquial de Gonça, dedicada ao Arcanjo São Miguel, foi
reedificada em 1704, por acção do empenhado Padre João da Costa Barroso, sendo
benzida pelo abade Lucas da Fonseca, pároco da freguesia entre 1683 e 1707. Como era
habitual no séc. XVII, os encargos financeiros e logísticos da
construção do templo foram suportados pelo povo e pelo pároco.
Aparentemente, a edificação de uma pequena ermida, datada de 1632,
terá dado a origem à actual igreja paroquial, uma vez que desde essa data aparecem
diversos registos sucessivos que confirmam a existência de uma devoção ao santo
e a "cura das almas" por diversos párocos.
Igreja Paroquial de Gonça (1991) |
Igreja Paroquial de Gonça (2004) |
No Inquérito Paroquial de 1842, o pároco de Gonça escrevia assim: "A igreja é de pedra, cor calcária, de construção moderna, contará duzentos anos, pouco mais ou menos (segundo referem pessoas da mais povectas ter ouvido a seus avós). Foi transladada de lugar mais elevado para o actual, consta ter havido alteração entre os moradores, querendo alguns que se edificasse em lugar mais baixo e mais agassalhado, e pena foi não se verificar tal pretensão, pois no sítio em que está fundada é muito batida dos vendavais, principalmente do lado do Sul, de onde tem um campanário em que há um sino que convoca o povo às funções daquela pequena parte da freguesia em que se ouve [...]". [1]
A transladação terá, sido iníciada em 1717, conforme reza o documento que de seguida se transcreve:
25 de Abril de 1717 - Os fregueses de S. Miguel de Gonça, por escritura na nota de António da Silva, contratam com o mestre pedreiro Custódio Fernandes, do lugar da Pedreira, da freguesia do Salvador de Donim, a este fazer-lhes de novo o corpo da sua igreja, mais abaixo do sítio em que estava, dando-lhe 190$000 réis, além da pedra da dita igreja velha e a do monte que precisasse quebrar para esta obra. |
In Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.
A Igreja Paroquial alberga quatro importantes altares colaterais no seu interior: um
dedicado a Jesus Cristo, outro a Nossa Senhora do Rosário, um a São Mateus e outro a
São Caetano. O altar dedicado a São Mateus encontra-se justificado pela
veneração que resulta na importante e conhecida Romaria de São Mateus,
enquanto o altar de São Caetano parece tributário de uma extinta confraria que tinha
como protector o Glorioso São Caetano.
A extinta Irmandade de São Caetano, segundo o Inquérito Paroquial de 1842,
detinha "várias e vantajosas indulgências em perpétuo para os irmãos em
vários dias do ano, concedidas por Clemente XII em 1734 e por Clemente XIV em 1772 [...]".
[2]
A Torre que o artigo de 1842 ainda não faz referência seria inaugurada por ocasião das Festas em honra de São Mateus no ano de 1933.
Comércio de Guimarães - (05-09-1933) |
[1]
«São Miguel de Gonça, por Manoel Luiz d’Antas Pereira e Cunha», in
Revista de Guimarães, Vol. 108, 1998, pp. 315-317.
[2]
Idem, pág. 317.